domingo, 7 de outubro de 2012

Meme literário de um mês de 2012 - 7#

7# - Você já pensou em escrever um livro?

Por acaso já e... já escrevi! Quer dizer, mais ao menos. Escrevi os primeiros 3 capítulos e ... depois de pensar muito decide deixar aqui para quem tiver a paciência para ler. Não sei se irei continuar porque não espero que dê em nada mas se alguém quiser acabar em conjunto comigo podemos tratar disso :) É suposto ser uma espécie de infanto-juvenil! Vamos lá então e quem ler que me deixe a sua opinião.



Capítulo Um

Os dois sonhos

Sinto-me com muito sono, confusa e irritada! Com sono porque não dormi nada pois quando eu sonho esperneio, falo, rio, choro e isso deixa-me muito cansada, confusa porque já é a segunda vez que sonho com aquela rapariga que nunca vi em lado nenhum e irritada porque tenho umas olheiras do tamanho do mundo e hoje é o meu primeiro dia de aulas, por sinal, numa escola nova.
Pois, é isso mesmo! Uma escola nova. Os meus pais separaram-se há mais de um ano mas o meu pai sempre teve esperança que voltassem até ao mês passado em que a minha mãe arranjou um namorado, o Sérgio, e o meu pai, com quem eu vivo, não conseguiu aguentar o desgosto e decidiu-se a mudar de cidade.
Para mim não foi um grande choque, aliás eu estava mortinha por sair daquele sítio, e vocês também estariam se a apenas dois meses atrás, no dia do vosso aniversário descobrissem o vosso namorado enrolado com a vossa melhor amiga.
O meu pai inscreveu-me na Escola da Maria Odete, uma escola construída em 1872 por mulheres, que até ao final do século XIX apenas aceitava raparigas como alunas e mulheres como professoras. Ainda bem que mudou. Já viram como seria andar numa escola só para raparigas depois do desgosto amoroso que recebi? Do que eu preciso mesmo é de um bife novo para esquecer o Marcos, o meu estúpido ex-namorado.
Mas com esta cara de morta vai ser difícil alguém reparar em mim, pela positiva! E não consigo perceber porque é a segunda vez que sonho com aquela rapariga. Eu nunca a vi antes. Como é possível que tenha inventado todas as características dela do nada? Normalmente nos meus sonhos, todas as pessoas, tirando aquelas que eu conheço pessoalmente, não têm os traços bem definidos e depois de acordar não me consigo lembrar delas, mas desta vez foi diferente.
A primeira vez que ela me apareceu, no sonho eu estava num banco de jardim num parque lindíssimo que também nunca vi antes, a ler um dos livros da saga Um Romance da Casa da Noite. Estava tudo muito silencioso, apenas se ouviam alguns pássaros a chilrear uns para os outros lá bem no alto das árvores, até que de repente ouvi alguém a cantarolar e olhei. Foi aí que a vi! Tinha o cabelo castanho aos caracóis, que lhe davam mais ao menos pelos ombros, presos numa bandolete. Os olhos dela eram castanhos-chocolate e tinha a pele bastante morena também. Magra e baixinha e tinha um sorriso contagiante que fazia com que duas covinhas lhe aparecessem nas bochechas dando-lhe um ar de menina travessa. Se a tivesse visto noutro local não teria olhado para ela duas vezes, porque não é daquelas raparigas que cative à primeira, mas o que me chamou a atenção foi que ela trazia o vestido às flores da Channel que eu há tanto tempo cobiçava. Tinha-o visto na loja online, mas quando fui para comprar estava esgotado e disseram-me que não o fabricavam mais. Nesse momento deu-me um ataque de inveja e decidi continuar a ler o meu livro.
Ela sentou-se ao meu lado e eu ignorei-a. Ela devia estar à espera de alguém. Mas ela continuou a olhar-me fixamente e então eu parei de ler.
- Precisas de alguma coisa?
- Não!
- E estás a olhar para mim assim porquê? - aquela rapariga já me estava a conseguir irritar e eu nem sequer a conhecia.
- Fico feliz por te ter encontrado finalmente! – e fez o maior sorriso que eu já vi no mundo.
- O quê? – esta rapariga deixava-me completamente confusa. - Mas já nos conhecemos?
- Ainda não! – disse ela fazendo um sorriso travesso. – Mas vamos! Em breve!
Levantou-se e foi-se embora aos saltinhos e a cantarolar deixando-me ali especada com olhar de parva. E então acordei!
Passei duas semanas a revolver aquele sonho, pensando se já a teria visto noutro lugar, até que acabei por esquecer, até hoje.
Desta vez, estava eu na papelaria D. Albertina a comprar a minha mochila. Tinha-a visto dois dias antes e então voltei lá para comprá-la. Era linda, azul com estrelinhas prateadas e trazia um pendente de luas e estrelas no fecho.
- Não compres essa mochila! – ela provocou-me um susto de morte
- Mas tu apareces sempre assim de repente? – tinha o coração aos pulos. – E dizes às pessoas que não conheces o que devem e o que não devem comprar?
- Apenas te estava a dar um conselho! Soube que gostas de ser original e de ter algo que mais ninguém tem. Mas eu já comprei essa mochila na semana passada.
- Como sabes tu tanto sobre mim? – perguntei indignada
- Talvez um dia venhas a descobrir! – e brindou-me outra vez com uma daqueles seus sorrisos enormes.
Foi aí que acordei e o resto vocês já sabem! Quanto à mochila temos imensa pena mas eu já a tinha comprado. Mas o quê que eu estou para aqui a dizer? É impossível que a rapariga do sonho exista mesmo. E se ela não existe então é claro que não tem uma mochila igual à minha!
Vou mas é preparar-me que ainda tenho um longo dia pela frente!


Capítulo Dois

Primeiro dia de aulas

Tomei um bom banho. Esfreguei duas vezes o meu cabelo com champoô para que ele ficasse com brilho. Ele é castanho claro, e dá-me pelo meio das costas. É uma das coisas de que mais me orgulho para além dos meus olhos verdes.
Abri o guarda-fatos e fiquei especada a olhar. Não tinha nada para vestir! Não me interpretem mal, eu tenho imensa roupa, porque a minha mãe sente-se culpada e todos os meses envia-me um cheque para eu gastar em tudo o que eu quiser. É o poder de ter uma mãe que é chefe numa empresa de marketing. Tenho tudo e mais alguma coisa, e acho que o problema é esse. O meu pai diz que se eu não tivesse tanto por onde escolher seria mais fácil e eu começo a acreditar que ele tem toda a razão.
Lá acabei por decidir-me por umas skins jeans deslavadas, a minha blusa branca-floral favorita e umas sandálias de cunha branca compradas no início deste mês que ainda não tinha utilizado.
Coloquei corretor para tapar as olheiras, um pouco de blush para um ar saudável, rímel e um pouquinho de gloss. Já em relação ao cabelo não havia muito a fazer. Sim eu adoro-o por ser castanho e ter alguns reflexos dourados, comprido e brilhante mas ele nem é liso nem ondulado. É simplesmente estranho! E na maioria das vezes eu não sei o que fazer com ele. Prendi-o num rabo-de-cavalo estilo menina da claque, peguei na minha mochila e desci as escadas a dois e dois.
Já estava atrasada para apanhar o autocarro! Sim, eu apanho autocarro porque prefiro que ninguém saiba que eu tenho uma mãe rica para não me tratarem de maneira diferente. Os únicos que sabiam na minha antiga escola eram a minha suposta-melhor-amiga e o meu ex-estúpido-namorado.
O meu pai já tinha saído para o seu novo trabalho. Conseguiu que a antiga empresa onde ele trabalhava o transferisse para a empresa de cá. Sem ninguém a quem desejar bom dia, peguei no saco de papel com o meu almoço e corri para a estação, algo difícil de se fazer quando se tem sandálias de cunha.
Com tanta correria acabei por chegar ainda com 5 minutos de avanço do autocarro. A paragem estava vazia excetuando um rapaz que se encontrava no banco amarrado aos joelhos a ouvir música nos headphones aos altos berros. Não pude deixar de reparar que até era bastante giro. Tinha cabelo loiro cortado rente, olhos castanhos-esverdeados e tinha um brinco na orelha do lado esquerdo. Tinha aquele ar de bad-boy que eu tanto gosto, mas já constatamos que isso dá para o torto, não é querido ex-estúpido-namorado? Mas enfim!
Chegou finalmente o autocarro! Fuji para o mais fundo possível. Depois de ouvirem um pouco da minha história até podiam pensar que eu era a típica rapariga rica e popular, mas nada disso. Sou uma rapariga como outra qualquer às vezes até um bocado nerd. Adoro ler e sou bastante tímida por vezes.
Demoramos apenas 10 minutos a chegar à escola. Foi a primeira vez que a vi! Era toda de mármore e pedra, com altas janelas e algumas torres. Fazia lembrar um pouco um castelo dos contos de fadas misturado com a escola de Hogwarts.
Entrei pelos grandes portões e dirigi-me à porta que dizia secretariado. Deveria ter vindo ontem ver qual era a minha turma e buscar o meu horário mas o meu pai não me pode trazer e ainda não havia autocarros.
A senhora que me atendeu parecia ter por volta dos 50 anos. Tinha cabelo castanho grosso que lhe dava pelos ombros e uns olhos pequeninos que me espreitavam através dos óculos. Parecia ser bastante simpática.
- Olá minha querida. Que precisas? – afinal era mesmo muito simpática
- Olá! – brindeia-a com um sorriso. – Sou a Lara Torres. Ontem não pude vir cá ver qual era a minha turma nem o meu horário. Será que me podia dar essas informações?
- Claro! Espera só um bocadinho. – enquanto dizia isto já remexia num monte de capas. Finalmente encontrou o que procurava. – Aqui tens!
- Muito obrigada!
Era da turma do 11ºD e tinha Biologia agora no primeiro tempo, na sala 16. Quando cheguei já todos estavam lá dentro.
- Humm…Desculpe o atraso. Posso entrar!
Todos puseram os olhos em mim e eu preferi concentrar a minha atenção na mulher que se encontrava à secretária. Ficava bastante nervosa por ser o centro das atenções.
- Claro que podes! Deves ser a Lara Torres. Nós já fizemos a chamada mas por ser o primeiro dia não te marquei falta! – ela parecia ter saído agora mesmo da universidade. Tinha cabelo loiro escuro e olhos azuis cobertos pelas maiores pestanas que eu já vi. – Ainda há dois lugares vagos. Hoje como é o primeiro dia podem sentar-se onde quiserem. Na próxima aula eu direi os lugares definitivos.
A sério que ainda se faz isso? Mas nós somos o quê? Crianças da primária? Mas com certeza não valia a pena perder tempo com isso por isso comecei a procurar os lugares vazios. O primeiro era logo na primeira fila ao lado de uma rapariga de cabelo preto muito encaracolado que mais parecia um ninho de ratos. Tinha os olhos muito vermelhos, talvez prestes a ganhar uma conjuntivite e não parava de tossir e limpar-se à manga da camisola. Arg! Próximo!
O segundo lugar vago era… Ao lado do bad-boy da paragem. Lá teria de ser! Sentei-me ao lado dele e sorri-lhe. Dirigiu-me um aceno de cabeça e foi então que alguém entrou de rompante na sala. Não podia ser!


Capítulo Três

Ela existe mesmo

- Desculpe! É aqui a sala do 11ºD? – ela estava com as faces bastante vermelhas como se tivesse vindo a correr
- É sim! Ia agora mesmo apresentar-me. Tens ali um lugar vago! – disse a professora enquanto apontava para o lugar ao lado de miúda-cabelo-ninho-de-ratos.
Ela assentiu e foi lá sentar-se, mas antes piscou-me o olho. Mas… Como é que ela me conhece? Melhor, como é que eu sem a ter visto antes falei com ela nos meus sonhos. Sinto-me cada vez mais agoniada e confusa e a minha cabeça já começou a andar à roda.
- Silêncio meninos. Vou então apresentar-me e depois cada um terá também a sua oportunidade. Eu sou a menina Sofia, sou professora de Biologia e também vossa diretora de turma. Agora vão todos dizer o vosso nome, idade e caso seja o vosso primeiro ano podem contar um pouco da vossa história. Podes começar tu! – apontou para a rapariga do sonho.
- Sou a Melissa, tenho 17 anos e fui transferida para esta escola porque me mudei para cá a semana passada. – disse tudo isto num só fôlego e sem perder aquele sorriso que para grande constrangimento meu, já me era familiar.
Como ainda faltava muito para chegar a mim, comecei a tentar organizar os meus pensamentos e abri uma pequena pasta no meu cérebro para guardar todas as informações que tinha conseguido até agora. Ela chama-se Carolina, tem 17 anos e mudou-se para cá à pouco tempo, tal como eu. Ah… também dava a entender que já me conhecia. E…
- Lara! Lara! – a menina Sofia chamava-me já com um tom irritado. – Queres fazer o favor de te apresentares aos teus colegas?
- Peço imensa desculpa! – por favor que eu não esteja vermelha como um tomate. – Chamo-me Lara, tenho 16 anos e mudei-me para cá o mês passado.- Ufa, já passou!
Ouviu-se o soar da campainha de saída e de repente já todos estavam de pé e a sair da sala. Eu fui a última. Arrumei todos os meus lápis e canetas de cor por ordem do arco-íris no meu porta-lápis. Tenho o vício de fazer isto quando estou nervosa. Ao sair da sala ia tão distraída que só reparei nela quando já quase lhe caía em cima.
- Olá – gritou ela sorridente. – Sou a Melissa e penso que vivemos na mesma rua. Estendeu a mão para que eu lhe apertasse, mas eu apenas fiquei ali a olhar. Não sabia bem o que fazer.
- Pronto, deixa lá! Talvez mais tarde nos possamos conhecer melhor. – piscou-me o olho e afastou-se.
E foi aí que eu reparei. A mochila dela, linda, azul com estrelinhas prateadas e com um pendente de luas e estrelas. O quê? Ela falou mesmo a verdade no sonho! Mas como é possível?!

6 comentários:

  1. Tens muito jeito para a escrita! Parabens!
    Acho que devias continuar a escrever, mesmo que nao venhas a fazer mesmo um livro, a historia está muito boa!

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    1. ohn +.+ muito obrigada
      Eu ainda não escrevi mais porque estou sem ideias para a continuação. Eu sei como quero a maior parte das coisas mas não sei bem muito bem como desenvolver.

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    2. De nada!
      Se me premites que te dê uma sugestão, tenta escrever as ideias numa folha (assim só os topicos) e depois é mais facil para organizares e desenvolveres a história.
      :D

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  2. Você poderia tentar desenvolver isso, está muito bom o que você já fez. Hoje em dia publicar é fácil, o difícil é escrever. Tente, valerá a pena.

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